Para quando eu quiser escrever. Devaneios, verdades inventadas, escape... Qualquer faceta cabe aqui, inclusive a de ser mais um em busca de encontrar respostas para compreender a si mesmo.

sábado, 30 de abril de 2011

Cenas que compõem meu livro de memórias.



Viajo nas lembranças.
Recordo com saudades do tempo que passou.
Sinto falta de pessoas. Das coisas. Dos momentos.
Mesmo aqueles mais rotineiros, como comprar pólvora para a caça que meu pai fazia.

Regar plantas.
Temperar o feijão.
Viajar em excursão.

Queijo. Coalhada. Salada.
Jantar arroz com leite. Carne na telha.
Até as comidas tinham um sabor diferente naquele tempo.

Quadrilha matuta.
Padrinho de fogueira.
No outro dia colocar as cinzas dela ao redor da casa.

Tradições.
Superstições.
Costumes.

A simplicidade estampava nossa casa. Nossas vidas.
Quão bom era compartilhar cada instante com os meus.
Não sabia muito dessas coisas.

Hoje, busco aprender mais daquilo que não sei.
Não quero mais deixar tanta coisa para ser sentida amanhã.
Contudo, nunca será tarde para (re)viver as lembranças daquilo que se fez para que a vida valesse à pena.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Amizade fabricada


1.000 amigos.
Outra página virtual.
Afinal é preciso comportar mais pessoas.

Talvez nada interesse mais que adicionar.
Nem ao menos conhecidos. Apenas estranhos.
Incapazes de oferecer suas companhias.

Ausências despercebidas.
Contatos empoeirados pelo tempo.
Amigos empalhados.

Mensagens automáticas.
Já que não comunicam mesmo,
Qualquer destinatário serve.

Cenas da contemporaneidade.
Tempo de se cultuar as novas mídias.
Quem não comunga, fica fora do rito social.

Que se importe menos com as aparências.
Tecnologia não precisa rimar com superficialidade.
Amizade pode e deve significar mais que contatos esporádicos.

Se é um avanço tecnológico, que não se regridam as relações.
Que a maioria necessariamente seja a exceção.
E que todos reflitam sobre o que dizer sobre seus amigos nos epitáfios deles.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Joguete do tempo.


Foi dada a partida.
Ainda se está no primeiro tempo.
Motivados partimos para o ataque.
Os adversários também dispostos, dificultam nosso objetivo.
Não desistimos.
Pede-se um tempo.

Voltamos mais determinados ainda.
Por descuido de nossa equipe, somos punidos pela expulsão.
Menos um ao nosso favor.
Gol do adversário. Tristeza sentida por nossa torcida.
Silêncio.

Não posso abandonar minha equipe.
Não posso desistir de mim.

Termina o primeiro tempo.
Ensaios. Orientações. Estímulo.

Em campo novamente.
Nossa maior chance e... desperdiçamos!
E mais uma, e mais outra e outra...
Não era nosso dia.

Fiéis ao nosso propósito, saímos de cabeça erguida.
Corações doridos.
Mas esperançosos.





Começa mais um dia.
Muitos compromissos para hoje.
Já pela manhã a expectativa de que tudo dê certo.
De repente o engarrafamento nos tira do sério.
Nos faz atrasar para o primeiro compromisso.
Não importa, o próximo negócio compensará esse também.
Pegamos outra avenida. Outro cliente nos espera.
Ainda no caminho, mais um imprevisto: faltou gasolina.

Não posso abandonar o carro aqui.
Não posso desistir de mim.

Hora do almoço.
Pressa. Estresse. Desestímulo.

Recomeço. Fila. Reunião. Novos agendamentos.
O dia acaba.
Os negócios... nem começaram.
Hoje não é meu dia!

Não há porque desistir.
Ontem, fiz bom negócios.
Quem sabe amanhã tudo se renova?

terça-feira, 26 de abril de 2011

A outra metade.


Como externar tudo o que se sente?
Dizer o indisível.
Aliviar a mente.

Às vezes, um gesto não é suficiente.

Falta inspiração, criatividade.
Chega a ser inclusive, incoerente.

Em busca de algo apenas para dizer,
Que só você me faz feliz completamente.

domingo, 24 de abril de 2011

Pouco se quer, quando nada se tem.




Para onde nos levam os caminhos quando a viagem termina?
Aonde se esconde a euforia quando a festa chega ao fim?
Para onde vão as crianças quando os parques estão fechados?
E os casais, o que fazem quando a lua de mel acaba?

Para onde vão os amores reprimidos?
Para que rio vai a dor vertida em lágrimas?
E os sentimentos sufocados, onde serão publicados?
Para onde vai a felicidade interrompida, adiada?

Para onde vão os recados dos telefonemas não atendidos?
Para onde iriam as fotografias não reveladas?
E as comemorações esquecidas, para onde iriam, se lembradas?
Para onde foram as canções que já não se tocam mais?

Para onde escoam as águas das chuvas que levam as esperanças?
E o sol que aquece e norteia, quando desaparece tão cedo, para onde vai?
Onde se escondeu o calor que preenche e acalma?
Para onde vai o brilho das estrelas quando amanhece?

Quantos porquês.
Tantas respostas.
Muito se diz, sem nada dizer.
Pouco se quer, quando nada se tem.

Texto de Vanessa da Mata

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ideologia (des)construída.


Um não é sempre não?
Claro que não.

Já na infância se constata isso.
- Mãe, posso pegar isso?
- Naaaaão!
Antes mesmo que se termine de gritar, já se pegou.

Nos relacionamentos também acontece:
- Não te quero mais!
- Vamos sair pra conversar. Apenas bons amigos.
- Jura que não vai mais fazer isso?
- Claro. Podemos voltar?
- Como não? Já não sei viver sem você.

E no trânsito?
- Por favor, seu guarda, libere desta vez. Prometo não mais cometer essa infração.

No trabalho...
- Perdão chefe. Garanto que isso não vai mais acontecer.

Na igreja:
- Vá em paz e não peque mais!

Se revisto e bem aplicado o não poderá sem imposições educar, instruir.
Caso contrário continuará confundindo, desviando, desconstruindo.
Se faz necessário entender o que se quer, o que se faz. A ideologia que se constrói.
Quanto ao que se diz, nada melhor que a descomplicação do léxico, não é?

Clarice

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lembranças embaladas para presente.


Dia das mães, dos pais, das crianças.
Calendário que registra datas.
Comércio que comemora vendas.
Pessoas que tem datas marcadas para serem lembradas.

Lembranças embaladas.
Surpresas já esperadas.
Mecanismos vitais para se manter vivas as confraternizações humanas.
Embalagens descartáveis, assim como a superficialidade que se alimenta.

Não que não se possa render homenagens a quem se gosta.
Nem que se desconsidere a relevância dos relacionamentos.
Mas que se viva a afetividade todos os dias, inclusive nos mais adversos.
Por não ser comprada,  talvez seja essa a mais relevante celebração.

Chega de comemorações sazonais.
Que se descarte o apego aos bens materiais.
Que as lojas prolonguem o prazo para a felicidade.
E que as vitrines estampem diariamente as combinações ideais para as surpresas ocasionais.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma homenagem sucinta.


Hoje escrevo para homenagear Pessoas.
Aquelas que, sem muito esforço se chegam e num ímpeto, nos tomam para si.
Gentilmente compartilham um sorriso.
Sem nada querer em troca, nos escuta, nos conforta.

Apesar de discretas sempre tem algo a oferecer. Opinião.
Sabem exatamente como se portar diante de situações diversas. Educação.
Moldadas pelas adversidades que o tempo as permitiu viver. Experiência.
Dispostas inclusive a aprender sempre mais. Humildade.

Por conhecer Pessoas como essas, lamento por aquelas que são amargas.
Fechadas para balanço por um tempo indeterminado.
Esquecidas de si mesmas. Presas a um passado longínquo.
Que por nada ter a oferecer, se limitam ao gosto triste da solidão.

Jamais defenderia a ideia de se mecanizar a naturalidade de comportamentos.
Nem muito menos a de uniformizar personalidades.
Evoco, talvez, a necessidade de se ter pessoas humanizadas.
Que preocupadas consigo, não esquecem de ajudar aos outros.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mais uma verdade inventada.




Por alguns instantes a felicidade está ali, acessível a todos. Desejo. Sonho. Idealização. Tudo agora a poucos metros de distância. Basta subir no palco e pronto: chegou o tempo de ser feliz! Um abraço, um sorriso, um beijo demorado. Cenas que materializam uma mistura de sensações.
É no teatro que as emoções rolam soltas. Lá tudo parece mágico. E é. Personagens figuram o amor, o desencontro, o reencontro. Mudam de vida. Reinventam alegrias. Descomplicam desafetos.
Inusitado seria se a vida real exigisse tão poucos requisitos para ser feliz?
            Encarar uma boa peça de teatro como metáfora da vida, talvez fosse uma quimera necessária. Afinal, o sonho é o mais estreito caminho entre o que se quer e o que se faz para se conseguir. Aos que nada fazem, resta ao menos esperar o espetáculo findar para se levar dali um pouco de alegria para casa.
Na vida todos sabem o que lhes fazem bem. Um lugar, um roteiro, um alguém. Mesmo que seja (ir)real, (in)comum, (i)legal.
Por que então se contentar com o que há de (in)feliz?
A felicidade em sua essência transcende os limites da aparência. Encontra-se onde menos se espera até mesmo em utopias, como essas que agora se lê. Ela transita pelo mudo real sorrateiramente. Aloja-se no ideal por anos a fio. Reaparece quando os olhos brilham intensamente, e se acredita que tudo pode ser novamente.
Que a vida não seja tão metódica. Que a verdade inventada não ocupe o lugar daquela que realmente se deseja viver. Que se refute tudo aquilo que por não enobrecer, empobrece.
Chega de se ter o teatro como arte que imita a vida. Que se plagiem as melhores e mais emocionantes dramatizações. Que as tenham como parâmetro para uma vida real de qualidade.
Que ela não seja mais um encanto com tempo contado para acabar. Que as pessoas entendam que devem ser protagonistas de suas vidas e parem de pregar peças contra si. Que se aproveite todas as encenações, principalmente as que exigirem menos ensaios. Que os espetáculos continuem mesmo quando as cortinas se fecharem.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O gosto azedo da mesmice



É triste imaginar como vivem as pessoas reprimidas e acomodadas.
Esquecidas. Perdidas no tempo. Alheias a si mesmas.

Não aquele roteiro.
Não essa conversa.
Não este prato.
Não aquela pessoa.

Mesmos hábitos, mesmos costumes, mesmas escolhas.
Nada de novo seduz nem fascina.
É como se alguém lhe tapasse os olhos com uma venda, lhe privando do melhor da festa.
Desgosto. Dissabores.

Ideologias com prazo de validade vencido.
Tradição familiar: imposições. Tabus e costumes.
Inversão de valores. Rotina. Monotonia.
Uma vida cheia de sequelas. Marcas que, às vezes, duram para sempre.

Por não terem em quem confiar, nem ao menos em si mesmo, se fecharam num mundinho, igualmente torpe.

Se privar da diversidade, do incomum e do diferente pode ser ruína.
Não por não compactuar com um universo de possibilidades, que nos chega constantemente.
Talvez, por se limitar a uma mesmice azeda e ultrapassada, imposta por uma sociedade ditadora e mesquinha.

domingo, 3 de abril de 2011

Amigos: cimento, tijolos e devoção.


Tenho amigos que nem sabem que os tenho.
Por eles, nutro um apreço e admiração imensuráveis.
Agradeço a disponibilidade que me dispensam.
De cada um deles sou devoto.
Afinal, os devo muito do pouco que aprendi até hoje.

Não abro mão de nenhum, mesmo aqueles que pelas ocupações se vão.
Quando voltam tudo é esquecido e novamente somos como antes, bons amigos.

Com eles, muito consegui construir.
Confissões que me fizeram forte, seguro. Terreno.
Aprendizados diários com alguns. Cimento.
Com outros, encontros ao acaso. Com sua significância, claro. Alguns poucos tijolos.

Desentendimento por protestar, por defender opiniões diferentes. Desenho, que a cada dia foi sendo (re)feito para que ao final, a obra obtivesse um tanto de imponência.
E-mails e telefonemas. Mão de obra.
Contatos rápidos, acenos distantes... Portas e janelas.

Na construção do meu eu, muito ainda há para fazer.
Os tijolos que faltam serão adicionados, as adaptaçõesretoques necessários serão executados dia a dia, com a ajuda de amigos que ainda vão chegar.
A iluminação e demais acessórios completarão um dia, quem sabe, essa construção.

Só então estarei pronto para receber, alojar, oferecer.
Afinal, um bom anfitrião sempre desempenha com ênfase seu ofício.

Cuidando bem da obra, por muito tempo poderá se ter tranquilidade.
Por isso, quero ao meu lado os bons e verdadeiros amigos. Aqueles que sempre comigo estiveram.
E, um dia, quando a obra necessitar de reformas, quero contar com cada um deles, para não tornar-me ruína.