Para quando eu quiser escrever. Devaneios, verdades inventadas, escape... Qualquer faceta cabe aqui, inclusive a de ser mais um em busca de encontrar respostas para compreender a si mesmo.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Aprendizagem severa


Silêncio.

Amanheceu
Sem você aqui.

Eu.
O nada.
Eu nada.

Acreditei ser mais um
Que alarga a fila
Dos esquecidos.

Cai da cama mais cedo.
Sono ausente.

Penso.
Não existo.

Não por sua falta.
Mas por não mais me achar em você.

Não suma,
Assuma: Deixou-me sem te ter.

Não volte.
Foi você que me ensinou a te esquecer.

Aprendizagem severa.
Daquelas que a gente erra
Por não querer aprender.

domingo, 29 de maio de 2011

Vida adjetiva



Viver não exige muita coisa.
Basta apenas saber que canal da TV sintonizar.
O do Amor ou o da Tragicomédia.

Não que a vida só ofereça isso.
Somos nós que criamos a (des)ordem.
No entanto, algumas vezes padecer é um caminho inevitável.

No meu livro de aventuras deveria constar
Mais romances que dramas.
Mais comédias que suspenses.

Porém, no meu livro de memórias registrei muitas lembranças que não vivi.
Desejos que sempre foram adiados.
Depoimentos que não tive coragem para proferi-los.

Hoje, sei que pouco importa o que planejei.
Apenas as minhas atitudes
Dizem muito sobre quem eu realmente sou.

O que sou hoje
É apenas uma imagem mal traçada,
Rabiscos daquilo que um dia sonhei para mim.

Livros.
Ficção científica.
Vida adjetiva.

Odes.
Ensaios desarticulados.
Vida adotada.

Não sei o que me resta.
Que não seja o somente.
Nem o restante.

E se for
Que seja o suficiente
Para que eu não continue sofrendo por amor.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Anacronia



Anticrônico.

             

             Ultra
passado.



Antiqu 
           ADO
Retrógr



Obsoleto.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Realização.


Acordar ao lado de quem se quer bem.
Cedo, para realizar aquilo que se tem.
Isso já torna o dia efetivamente, mais eficaz.

Ler, jogar, dirigir, estudar.
Falar ao telefone com aquele amigo
que mora em outro lugar.

Um café.
Uma sintonia no meio do nada.
Banco da praça, povo que passa.

Coisas comuns,
mas que a pressa de um dia corriqueiro de trabalho
não lhe permitem viver.

À noite, a sensação de um dia bem vivido.
E a certeza de que o seguinte também pode ser.
Basta querer.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Frustração Desmedida.


Cerveja quente.
Café gelado.
Almoço esquentado.

Camisa manchada.
Meia furada.
Fragrância emprestada.

Roteiro errado.
Pneu furado.
Falta de direção.

Engarrafamento.
Fila de banco.
Bloqueio de cartão.

Salário atrasado.
Imposto a ser pago.
Aviso prévio mostrado.

Mentira dita.
Discussão não terminada.
Solução adiada.

Frustração desmedida.
Encontros ao acaso.
Desencontros banais.

Eu e você.
Eu aqui.
Você distante.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Em busca da identidade - Texto de Fabrício Carpinejar


Nas prateleiras de produtos,
surgiu uma desordem,
um esquecimento,
uma vontade de fugir da decisão.

Quanto levar,
o que era pouco ou muito?

Sou um homem sem marcas,
quase sem identidade.

Andava e voltava para definir uma manteiga.
Que manteiga é a melhor?

sábado, 21 de maio de 2011

Mensagem.


Permaneço aqui.
Sou o mesmo de sempre.
Esperando ainda, que você me note.

Anote:
Assim como os dias,
As possibilidades também se vão.

Não é ameaça.
É denúncia.
Recado mudo.

Se não houver mudança.
Depois de um tempo, silenciarei.
Porém hoje, ainda aguardo uma resposta-ação.


Como está não dá mais para mim.
Cansei.
Espero que não demore a perceber isso.

Se um dia não for mais,
Que o acaso segure minhas mãos
E me leve por caminhos afora.

Me deixe em qualquer lugar.
A espera de alguém que por já ter experimentado,
Não queira mais ser feliz sozinho.

Não demore.
A água do café ainda está no fogo.
Ainda há tempo, até você chegar.

Não aqui, onde estou.
Mas aí, onde você pensa estar.
Afinal o amor primeiro deve ser para a gente mesmo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lembranças renovadas.


Que vontade de viajar.
Outros ares.
Outros mares.

Largar tudo e sair correndo.
A procura de um lugar calmo,
Para ver o sol nascendo.

Perdido na esquina do contentamento.
Esquecerei até das refeições,
Já que o alimento da alma, será a diversão.

À noite, fazer fogueira
Dançar até faltar chão.
Festejando a fuga da solidão.

Deitar mais tarde.
Balançar na varanda.
Sem hora pra acordar.

Tudo isso me traz saudade,
E quando penso em viagem
Viajo é nas lembranças, a fim de me encontrar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Poesia Marginal


Mal se chega.
Saudade.
Quem dera partir.

22 era o número.
Chaveiro grande.
Estada provisória.

Canto simples.
Intermediário.
Necessário.

Localização devida.
Caminhada
No meio das duas.

Dualidades.
Manhã e tarde.
Inquietação.

Dias assim:
Às vezes, relâmpagos.
Outros, eternidade.

De repente retorno.
Viagem.
Retorno passageiro.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Outras possibilidades de leitura.


Mal havia começado a folhear o livro.
Já não mais queria mais aquela leitura.
Essa cena se repetiu por algumas vezes.

A aula acabou. O ato de ler não se concretizou.
Certamente teria no outro dia outras sugestões.
Alguma havia de agradar.

Ah se fosse assim também os trabalhos, as dívidas, as paixões.

Cansei. A falta de reconhecimento acelerou o desestímulo.
Pendure aí, quem sabe um dia poderei quitar.
Não mais você. Ela!

Talvez fosse precipitado viver a efemeridade a cada instante.
Faltaria quem sabe a experiência,
A credibilidade e o que pudesse se tornar amor.

Nenhuma ordem deveria ser obedecida.
Sequência imposta.
Leis ilegais.

Deveria se viver as (im)possibilidades.
De se encantar com a capa de um livro.
E de desistir dele quando o conteúdo de um outro for mais atraente.

Trabalhos poderiam ir e vir.
Assim como as dívidas, os compromissos e as cobranças.
São fatores externos a nós.

Não deveriam nos tomar tanto tempo.
A menos que realmente quiséssemos colecionar traças, estresses
E estante empoeirada.

Que se mude o roteiro da história do livro que é a vida.
O trajeto que te levará ao trabalho e
As possibilidades de não acumular dívidas amorosas.

domingo, 15 de maio de 2011

Não espere os finais de semana.


Que todo dia seja de celebração.
Que se espere alguma coisa da segunda à noite.
Que os amigos se vejam durante os outros dias.

Que se chegue mais tarde em casa na terça.
Que as tardes da quarta tenham o sabor das do sábado.
Que a melhor programação seja o bem estar - consigo.

Que as folgas não sejam somente do trabalho.
Sejam também das preocupações
E das responsabilidades da vida moderna.

Não adie aquele café,
A alegria de dançar aquela música,
Nem aquela velha paquera no papo de boteco.

Vá em busca dos fins de semana.
Encontre-os em cada manhã que surge.
Em cada dia que finda.

Não espere por eles para viver o que lhe faz bem.
Afinal, cada um sabe a razão e o motivo
Para fazer a vida continuar valendo a pena.

sábado, 14 de maio de 2011

Sacola de compras.


Quem dera pudéssemos comprar um pouco de paciência,
Para suportar as turbulências da vida.

Um tanto de equilíbrio,
Para se sobressair diante das instabilidades.

Sei que artefatos de segurança já são vendidos.
Quero encomendar a personificação desses.

Nos dias mais nebulosos,
Alegria para driblar as adversidades.

Amor para acreditar que tudo pode ser eterno.
E Confiança para acreditar que pensando assim,  não sou um tolo.

Quem dera que nossas economias nos trouxesse humildade,
Para nunca esquecermos que o ser humano é um nada.

O que não poderia faltar nessa lista é a esperança,
Para aguardar que a maturidade nos presentei com tudo isso.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Silêncio nas Palavras.



Um dia me disseram que silêncio também é resposta.

Que as palavras, às vezes, não comunicam.

Que é necessário ouvir mais que falar.

Que isso nem sempre é consentir.

Faz-se necessário sentir.

Silenciosamente

O silêncio

Silencia

.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Morrer é ridículo - Texto de Pedro Bial.


A morte, por si só, é uma piada pronta.
Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre.
Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?
Não sei de onde tiraram esta ideia: MORRER!!!
A troco?
Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente...
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis.
Qual é?
Morrer é um chiste.
Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida.
Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas.
Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer.
Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã!
Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas.
Ok, hora de descansar em paz.
Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero.
E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
Por isso viva tudo que há para viver.
Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida... Perdoe... Sempre!!!
Adiar... Adiar... Adiar... será sempre o melhor dos caminhos?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Janelas da vida.


Janela.
Dela vejo a chuva que cai.
Coração sozinho debruçado no frio da noite.

De lá vejo a vida acontecer.
Casal que senta à calçada.
Carinhos flagrados em segredo.

Passagem secreta que me traz o mundo real.
Roupa estendida.
Agora ela é varal.

Falta um tanto para ser adulta.
Apesar de agir como tal:
Permanece aberta para alegrias.

Visita indesejada.
Fumaça que incomoda.
Janela fechada, chega de elegias.

Vou até ela quando o tempo muda.
Buscar ou oferecer ajuda.
Àqueles que chegaram e aos que virão.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Passageiro de mim.


Desde cedo conheci o improviso.
O destino me apresentaria um futuro de muitas portas.
Caminho atravessado.

A vida criava formas.
Por falta de placas indicativas entrei algumas vezes pela contramão.
Desafios em cada curva.

Era mais um transeunte.
Nasci passageiro.
O tempo me fez perceber isso.

O sol forte e a chuva repentina me obrigaram a parar algumas vezes.
Em cada parada: um (re)começo.
Esperava a calmaria depois do temporal.

Pedras no caminho.
Tropeços.
Equilíbrio improvisado.

Tive que conviver com
Achados perdidos.
Encontros desencontrados.

Na caminhada que ainda não teve fim,
Busco aprender mais de mim,
Para que as próximas paradas sejam menos demoradas.

Ainda há muitos caminhos a serem percorridos.
Entre tantos, estradas que não levam a lugar nenhum.
Necessárias para a aventura que é viver.

Hoje sei que não sou alegre nem triste.
Sou mais um que por não se cansar com as ladeiras da vida,
Busca apenas abrigo seguro em cada uma delas.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma sinceridade necessária.


Ser sincero não é alvejar contra o outro o veneno que faz sucumbir. Não é falar tudo o que se deseja. Principalmente quando o pensamento ainda está em construção. As pessoas não devem e nem precisam ouvir barbáries. Verdades ditas absolutas. Prognósticos precipitados e incapazes de diagnosticar uma personalidade eficientemente. 
Decerto sempre existirá imperfeição. Pessoas carentes também. De chance. Respeito. Compreensão.
           Apontar. Criticar. Derrubar. Tudo isso é fácil de fazer. O inverso está em desuso, é escasso e excepcional. 
Ser sincero é não compartilhar a falsidade. Não comungar com a mentira. É fugir do lugar comum. É acreditar que a vida não precisa ser uma disputa com um júri sempre marcando e punindo pelas faltas que se comete.
            A sinceridade exige transparência, contudo, contida. Requer que se indique o que se pode fazer e não o que aquilo que deve ser evitado. Evoca a prática da empatia.
            Os defeitos podem ser apontados e comentados. Quem dera, resolvidos. Mas que eles não sejam o centro da relação nem ocupem o lugar de outras beneficies. 

terça-feira, 3 de maio de 2011

Espelho do tempo.


Dia em preto e branco.
Fotografia incompleta.
Tempo insuficiente.

Semblante repetido.
Imagem refletida.
Espelho acidental.

Relógio.
Vida.
Relógio.

Ensaio.
Recorte.
Lembrança.

Luz apagada.
Fim do dia.
Recomeço do tempo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Em busca de si.


Sempre chega o tempo de andar com os próprios pés.
Traçar o próprio caminho, em busca de uma identidade.
Ser o Senhor de si.

O pássaro bate asas e voa.
A criança engatinha e anda.
Depois de uma queda, o homem se levanta e vai embora.

O ser humano também deveria voar.
Quem sabe assim, iria em busca de seus sonhos.
Aqueles mais abafados pelo tempo.

Deveria voar para ser superior.
Não aos outros. A si mesmo.
Quem sabe assim, abandonaria a sarjeta.

Deveria conseguir esse feito, para não se contentar com migalhas.
Abandonar a sofreguidão.
E pacientemente, construir cada degrau que o levaria aonde se deseja chegar.